Campeão da Libertadores pelo Timão, meia espera jogar por, no mínimo, mais quatro ou cinco anos
Por Ricardo Gomes, da PLACAR
Durou pouco, exatos 14 meses. Mas foi intenso. A rápida passagem de Alex pelo Corinthians foi, de parte a parte, inesquecível.
Para o meia, foi a maior chance de sua vida de abocanhar um
Campeonato Brasileiro, desejo que se fez real em 2011. Para o clube,
Alex foi um dos esteios para a inédita conquista da Libertadores, taça
que já constava no currículo do camisa 12.
Pouco depois da glória continental, porém, o vínculo se rompeu. Alex
não resistiu às cifras oferecidas pelo Al-Gharafa-CAT, clube que o
perseguia há, pelo menos, cinco anos, e rumou para o ainda remoto
futebol do Oriente Médio. Distância que o jogador espera abreviar em
poucos anos, numa possível volta triunfal ao Timão.
Em entrevista à PLACAR, Alex faz um resumão sobre a sua passagem pelo
Corinthians. Além disso, sai em defesa de Tite, a quem jura fidelidade e
diz quais são suas motivações no incipiente futebol catari.
Geralmente os jogadores brasileiros vão ao mundo árabe para
fazer o famoso pé-e-meia e voltar. Seguindo essa lógica, você pretende
voltar em quanto tempo?
É prematuro garantir quando voltarei. (A adaptação ao Catar)
vai depender do lado familiar, da convivência com uma nova cultura. Fui
para o Catar à procura de uma melhor qualidade de vida. Lá você joga
menos, fica mais tempo em casa, com a família. Jogador brasileiro tem
que aproveitar essas possibilidades de fazer pé-de-meia. Não era bem o
que eu tinha programado, mas estou feliz pela decisão. Foi uma escolha
muito particular.
Na época do Inter víamos um Alex mais incisivo, mais
goleador. No Corinthians, você se consagrou mais pelos passes do que
pelo faro artilheiro. O que mudou da sua passagem pelo Inter até a ida
para o Corinthians?
Muita gente não se lembra, mas, no final da minha passagem pelo
Inter, em 2008, eu era um segundo atacante. No Corinthians, os gols de
falta, os arremates de longa distância não saíram com tanta frequência,
mas a produção foi muito boa. Se eu desaprendi? Não. Claro que o gol é
mais importante que o passe. Talvez tenha ficado com esse débito no
Corinthians.
Quando voltou ao Brasil, em 2011, você chegou a dizer que
ainda sonhava em vestir novamente a camisa da seleção. Agora, longe dos
holofotes, ainda mantém aceso esse desejo?
Se não tivesse ido para o Catar, com certeza teria chances.
Estou indo para um mercado menos expressivo. Jogando todo o meu
potencial, acho que teria mais condições (de ser convocado). Mas
priorizei minha vida (indo para o Catar). Abri mão do sonho de voltar à
seleção. O futebol do Catar está melhorando. Posso abrir portas para
outros brasileiros.
Qual é o maior trunfo de Tite à frente do Corinthians?
Ele ajuda a alicerçar o grupo. Criou (no Corinthians) uma
mentalidade vencedora. Escolheu os jogadores certos, com espírito de
liderança positiva. Se não tiver um grupo forte, não vai. Duas palavras
definem esse time do Corinthians: solidariedade e humildade. Não
tínhamos vaidade alguma.
E a sua relação com o Tite?
Temos uma química muito grande, pessoal e profissional. Ele
ajudou muito na minha vinda para o Corinthians (Nota da Redação: Tite e
Alex trabalharam juntos também no Inter, em 2008).
Esperava mais do Boca como adversário na final, dado o seu histórico de ‘bicho-papão’ de times brasileiros na Libertadores?
Tive oito confrontos contra o Boca em minha carreira. Na
Sul-Americana de 2008, quando vencemos na Bombonera e no Beira-Rio, eles
tinham um time mais forte, mais acertadinho. Foi ali que trabalhei o
meu medo (de encarar o Boca). Desta vez, tínhamos convicção de que
venceríamos. Empatamos na Bombonera, mas no Pacaembu era só repetir o
que vínhamos fazendo que o título viria.
Profissionalmente falando, não era mais negócio ficar no Corinthians e disputar o tão sonhado Mundial a ir para o Catar?
(O fato de disputar o Mundial) pesou muito. Me procuraram antes
das finais (da Libertadores). Tive duas semanas para analisar a
proposta. Já estive lá (no Mundial) e venci. Sei o quanto é importante.
Ali, fecha-se o ciclo da Libertadores. Depois, ainda tem a Recopa
(Sul-Americana) Gostaria de ter mais esses títulos internacionais pelo
Corinthians.
Financeiramente falando, é a grande chance da sua vida, ou há alguma outra motivação em jogar na liga catari?
Tenho ainda motivação para competir em alto nível. Ninguém vai
para algum projeto se não te compensar financeiramente, não é? Há cinco
anos não queria esse mercado. Já estou com 30 anos e não tenho como
fazer esse caixa depois. Foi a melhor proposta que me apareceu. Não sei
se falei abertamente, mas tive uma oferta também do Queens Park
Rangers-ING. Eles queriam investir, montar um elenco forte. Mas acabei
optando por uma vida mais tranquila (no Catar). É um mercado que posso
explorar.
Vê no Chelsea algum perigo real para o Corinthians em uma hipotética final no Mundial?
Com o Spartak (de Moscou), tive a felicidade de enfrentar o
Chelsea na Liga dos Campeões-2010. É um time forte, não é fantástico,
mas, como todo time inglês, é taticamente arrumado. Não o vejo superior
ao Corinthians. Acho, aliás, que são equipes muito parecidas. Quando
estava no Inter, sabíamos que eramos um time inferior ao Barcelona
(referindo-se à final do Mundial de Clubes-2006, vencida pelo Colorado
por 1 x 0). Isso não acontece entre Corinthians e Chelsea. O perigo (do
Chelsea) é a bola aérea e a competência em aproveitar o erro do
adversário.
O que acha de Martínez, ex-Vélez, seu provável substituto no Corinthians?
Lembro dele no Vélez. Jogava mais aberto, como um atacante.
Tudo depende como se adaptará ao Corinthians. Ele gosta de rodar, ocupar
os espaços. Não sei se ele vai jogar na armação. Acho que o cara que
vai assumir o meio é o Douglas, que está numa sequência muito boa.
Pensa em jogar quantos anos mais?
A ideia inicial é jogar até os 34, 35 anos. Essa é a margem
limite. Como não tenho vícios – não fumo, não bebo, não sou da noite -,
acredito que dá pra levar. Ainda tenho muito prazer em jogar. Quero
sugar ao máximo o que o futebol tem a me oferecer.
Descarta um retorno futuro ao Corinthians?
Espero voltar né (risos). Futebol é uma coisa engraçada. A
gente nunca sabe o que pode acontecer. Pensava em ficar cinco temporadas
no Spartak, mas fiquei duas; queria ficar dois anos no Corinthians,
fiquei um. Foi muito legal jogar no Corinthians. É diferente de tudo.
FONTE PLACAR
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