Parado desde que deixou o Americana, Dodô prevê aposentadoria ainda em 2012
Por Ricardo Gomes, da PLACAR
Para Dodô, artilheiro do São Paulo nos anos 90, Lucas está perdendo
tempo no Brasil. O atacante, ainda na ativa mas vendo cada vez mais a
aposentadoria se avizinhar, foi prático ao ter ciência da recusa do
Tricolor à oferta de R$ 96 milhões feita pelo Manchester United ao
camisa 7: “Sinceridade? Venderia na hora.”
Em entrevista exclusiva à PLACAR, Dodô, que não joga desde 19 de
julho de 2011, quando defendia o Americana-SP na Série B do Brasileiro,
usa o exemplo de Lucas para rememorar um episódio parecido em meados de
1997, quando foi assediado por Barcelona e Inter de Milão, mas não
partiu. Além disso, fala sobre a concorrência no ataque da seleção e a
tão dolorida aposentadoria, que deve ser anunciada oficialmente em
poucos meses.
Se você fosse um dirigente do São Paulo e tivesse o poder da
palavra diante da proposta de R$ 96 milhões do United pelo Lucas, faria
negócio?
Sinceramente? Por esse valor tinha que vender na hora. Não acho que
(essa proposta) se repetirá. O Lucas é um bom jogador, mas não é o
Neymar. Não gosto nem de comparar, mas o Neymar é indiscutivelmente o
melhor jogador que apareceu por aqui nos últimos anos. O Lucas não tem a
capacidade de decidir jogos, precisa sempre do auxílio de um Luís
Fabiano ou de algum outro jogador de ataque. É um bom jogador, tem
potencial, mas ainda não fez muitas coisas.
Acha que o Lucas precisa evoluir em quais aspectos, especificamente?
Ele é um jogador moderno, de velocidade e bom chute. Aberto pela
direita, cairia muito bem no Manchester United. O Lucas tem muito a
evoluir. Uma ida para a Europa ajudaria bastante nesse crescimento.
Em 1997, pouco antes do Denílson ser vendido ao Bétis, você
recebeu algumas boas propostas do exterior, mas resolveu ficar no São
Paulo. Se arrepende daquela decisão?
Logo depois que o Denilson saiu, surgiram algumas propostas do Barça e
da Inter de Milão, mas o São Paulo não quis me liberar, já que haviam
acabado de perder o Denilson. Trazendo para a realidade de hoje, eu
teria saído sim. As coisas naquela época eram diferentes, os valores nem
chegavam perto do que foi oferecido ao Lucas, por exemplo.
Ao que tudo indica, o Lucas será o reserva imediato de Hulk
nos Jogos de Londres. Se você fosse o técnico da seleção, apostaria no
são-paulino em detrimento ao atacante do Porto?
Não tenho acompanhado a seleção, mas pra ele (Mano Menezes) ter
chamado um cara com idade acima dos 23 é para ser titular. O Lucas
precisa provar muita coisa ainda. Nem titular da seleção olímpica é.
Como avalia a atual safra de atacantes no futebol brasileiro?
Ah, nem se compara com o meu tempo. Quando eu comecei a jogar
futebol, tinha cara bom pra caramba! Hoje, eu vejo o (Leandro) Damião
como titular da seleção, mas ele ainda não me convenceu. Meu titular
seria o (Alexandre) Pato que, salvo as contusões, tem muito mais
qualidade. Dos mais antigos, tem o Fred e o Luís Fabiano, que continuam
jogando bem. Estamos passando por um momento difícil. Minha maior
esperança é o Neymar.
Você não atua desde a Série B de 2011, quando defendeu as
cores do Americana-SP. O que tem feito desde então? Já considera a
hipótese de pendurar as chuteiras?
Tinha contrato com o Americana, mas me machuquei. Só fui me recuperar
completamente da artroscopia que fiz no joelho em maio deste ano (a
operação foi realizado em setembro de 2011). Não me vejo mais jogando.
Estou pensando seriamente em parar. Se até o final do ano não aparecer
uma proposta séria, de um clube que me ofereça estrutura para jogar,
paro. Já tenho 38 anos, não acredito que surja uma proposta. Estou mais
para parar do que para continuar (risos).
Então o ‘artilheiro dos gols bonitos’ deve deixar orfãos em 2013?
Pretendo pegar os próximos meses para organizar algumas coisas,
pensar um pouco no que devo fazer. Talvez (a decisão de se aposentar)
venha antes do fim do ano.
Pretende continuar no futebol após deixar os campos?
Ainda não parei pra pensar. Gosto muito de futebol. Treinador? Quem
sabe. Tenho boas ideias (sobre futebol), convivi muito nesse meio. Não
descarto ser gerente de futebol. Vamos esperar.
Dos 14 times em que atuou ao longo de 20 anos como profissional, qual, ou quais, mais nutriu identificação?
São Paulo e Botafogo, sem dúvida. O Fluminense também me marcou, mas fiquei pouco tempo por lá.
A essa altura do campeonato, já dá para fazer uma retrospectiva da sua carreira?
Não tenho do que reclamar, só a agradecer. Sempre fui correto,
respeitado por todos. Fui artilheiro na maioria dos times que passei, só
uma pena não ter conquistado tantos títulos. Por todo lugar que
passei, suportei a pressão de ser o cara responsável por fazer os gols.
Além de artilheiro, você sempre esteve bem ladeado nos times em que jogou. Qual foi o seu melhor parceiro de ataque?
O Aristizábal. Foi o mais completo com quem já joguei. Atuamos um bom
tempo no São Paulo e um pouco menos no Santos. Até hoje mantemos
contato. Somos grandes amigos.
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